Quando a vida não segue o plano
Quando a vida não segue o plano (e isso pode ser uma vitória)
Ninguém nos prepara muito bem para os desvios.
Desde cedo, somos incentivados a traçar metas, a imaginar como as coisas “deveriam” ser. Existe quase um mapa invisível que muitos tentam seguir: estudar, trabalhar, encontrar alguém, construir algo, chegar a algum lugar. Fazemos planos — com entusiasmo, com esperança, às vezes com medo — e acreditamos que, se fizermos tudo “certo”, a vida corresponderá com previsibilidade.
Mas então ela não corresponde.
E de repente, você vê um ponto que não estava no seu mapa.
Talvez algo tenha acabado antes da hora. Talvez algo nunca tenha começado. Talvez você esteja vivendo uma realidade que nunca imaginou — para o bem ou para o mal. E tudo isso pode parecer um erro. Um desvio. Uma falha na execução do plano.
Só que há algo curioso que o tempo costuma mostrar: nem sempre o plano era o melhor caminho.
Há um tipo de sabedoria que só nasce quando somos levados para fora do roteiro. É tudo, não inesperado, que começamos a escutar com mais atenção. A perceber nuances. Um olhar para dentro, não apenas para frente. A nos perguntar, com mais honestidade: o que realmente importa agora?
O que parecia desordem pode, com o tempo, revelar uma nova forma de alinhamento — não com o que esperavam de você, mas com quem você é de verdade.
Nem tudo que sai do plano é perda. Às vezes, é abertura. Um espaço novo para que você se reencontre.
Ou talvez para que você conheça pela primeira vez.
A vida tem seus próprios modos de nos surpreender — e nem sempre são suaves. Mas muitos dos nossos momentos mais importantes aconteceram justamente quando tudo saiu do controle. Quando fomos obrigados a parar. A recomeçar. A aceitar.
E, aos poucos, a agradecer.
Porque às vezes, não seguir o plano é o que nos salva dele.
Thalía M. Menezes
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