Entre o muito jovem e o inconcebivelmente velho
“Ela se sentia muito jovem, ao mesmo tempo inconcebivelmente velho.” -Virgínia Woolf
Há momentos da vida em que somos atravessados por uma sensação paradoxal: estamos aqui, plenos de frescor e possibilidades, mas também carregamos nossos ombros o peso de todas as experiências que já vivemos. É como se a juventude e o velhice não fossem passos distantes, mas estados que coexistem em nós.
Virginia Woolf, em Mrs. Dalloway , captou essa estranha duplicidade: a leveza de quem observa o movimento da vida como se fosse a primeira vez, e a densidade de quem sabe, no fundo, que viver é sempre arriscado, sempre frágil, sempre perigoso. Essa consciência nos aproxima do presente de forma radical. A juventude nos dá o ímpeto de avanço, de nos lançar ao mundo; a velhice interior nos convida à pausa, à contemplação, ao reconhecimento de que cada instante é finito e, justamente por isso, precioso.
Talvez o segredo esteja em acolher essa contradição. Não tente escolher entre ser jovem ou velho, mas aceitar que somos ambos: impulso e cautela, começo e fim, movimento e pausa. É nesse entremeio que a vida se revela mais profunda — porque não somos apenas a idade que carregamos no corpo, mas também todas as idades que guardamos na alma.
Thalía M. Menezes
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